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Campanha combate “voto do cajado” em igrejas



Chegou mais uma corrida eleitoral na democracia brasileira. Tradicionalmente, as eleições são, para muitas pessoas, os únicos momentos em que se propõem a debater os processos de exercício da política. 
Como observado desde a redemocratização e de forma crescente nos últimos anos, o voto evangélico é um dos componentes de discussão no processo eleitoral. Com o crescimento numérico, a participação mais ativa de atores evangélicos das mais variadas linhas teológicas na política brasileira impõe um desafio de análise sobre a política. 
Preocupada com essa participação, a Rede FALE iniciou na semana passada mais uma versão da Campanha “Fale Contra o Voto de Cajado” (em alusão ao “voto de cabresto”, sistema tradicional de poder, característico do coronelismo). A mobilização pretende ser uma voz ativa, durante o período eleitoral, contra a utilização dos espaços e posições dos líderes das igrejas para a promoção da política e manipulação dos seus membros. FALE é uma rede cristã de pessoas que agem contra a injustiça no país e no mundo, com especial atenção para os aspectos econômicos e seus efeitos na desigualdade e na ampliação da miséria.
Segundo a rede, no Brasil, é um equívoco pensar que simplesmente por “ser crente”, o cidadão já está abençoado para a política. Essa é a concepção que leva milhões de brasileiros a votar no “pastor” ou no “irmão abençoado pelo pastor”. Como consequência, muitos parlamentares são eleitos sem compromisso com a justiça ou a democracia, e sem coerência partidária, programática ou ideológica, e se tornam “despachantes de igrejas” – gente que vota sempre para a expansão do poder de suas igrejas, associações, rádios e empresas.
Caio Marçal, um dos facilitadores da Rede FALE e membro de uma Igreja Batista em Belo Horizonte (MG), explica que, segundo uma pesquisa de 2012, que indicou que aproximadamente 36% dos evangélicos votam somente em candidatos indicados por pastores. “Será mobilizada a rede de parceiros do movimento, que conta com cerca de 35 grupos de várias regiões do país, conscientizando os evangélicos contra a prática ilegítima da manipulação do voto por algumas lideranças eclesiásticas”, afirmou.
O que a campanha condena:
- O uso do poder pastoral para guiar a consciência dos fiéis, como um curral eleitoral, em benefício de qualquer candidato.
- A utilização das Sagradas Escrituras ou de imagens bíblicas de forma capciosa, a fim de legitimar a candidatura de uns e demonizar a candidatura de outros.
- A venda de consciência e dos votos dos membros da igreja a algum candidato, em troca de recompensas materiais concedidas “a liderança, congregação ou denominação.
- A permissão do uso do púlpito como plataforma de propaganda partidária e eleitoreira, ou de apresentação de quaisquer candidatos para fins eleitorais.
- A coação ou ameaça aos subordinados ou membros da igreja para que manifestem inclinações políticas iguais às de seus líderes para eleger candidatos de fora ou de dentro da igreja.
- A transferência da imagem de pastores ou líderes religiosos para candidatos em propaganda eleitoral, afirmando-os como candidatos escolhidos por Deus ou demonizando seus concorrentes.
- Lideranças evangélicas que demonizam opções políticas diferentes das suas, caluniando-as, em vez de ajudarem a fazer o debate sobre as propostas dos candidatos.
-- Texto: Carol Chueire

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