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ATLETAS DE CRISTO NÃO QUEREM SE CALAR




Publicado em 24.08.2009

Não é de hoje que os temas religião e futebol caminham juntos no Brasil. Tornou-se tradicional a oração no vestiário antes do início das partidas. Vários clubes de futebol têm capelas nas suas sedes. Muitos artilheiros comemoram gols apontando os dedos para o céu. E, quando um time sagra-se campeão, alguns jogadores exibem camisetas, faixas e outros adereços com mensagens religiosas.

A relação fé e futebol, entretanto, gerou uma situação constrangedora no final de junho, na decisão da Copa das Confederações, na África do Sul. A Fifa, que coíbe mensagens políticas ou religiosas durante as partidas dos torneios que organiza, mandou um alerta à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) porque os jogadores da seleção brasileira fizeram uma roda no centro do campo e rezaram após a vitória sobre os Estados Unidos.

No comunicado, a entidade máxima do futebol mundial pediu moderação nas manifestações religiosas durante as comemorações, mas não puniu ninguém, porque a oração ocorreu após o fim do jogo.

O professor André Gustavo Piragis, agente Fifa e coordenador do curso de pós-graduação em Gestão Esportiva da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), acredita que a Fifa vem se preocupando com essas manifestações no futebol em razão do acirramento de conflitos de fundo religioso e étnico em todo o mundo, especialmente no Oriente Médio. ''A ideia seria prevenir hostilidades e atos de violência'', argumenta Piragis.

''Embora a Fifa não se envolva em questões políticas, ela está atenta a tudo que está acontecendo no mundo, principalmente na questão social'', explica o professor.

Ex-jogadores e atletas na ativa entrevistados pela FOLHA se posicionaram contra a advertência da Fifa enviada à CBF. ''A gente não pode passar por cima da autoridade. Mas a Fifa fez uma determinação que foi cumprida, pois a oração dos jogadores da seleção aconteceu após a partida'', diz Carlos Eustáquio Caetano, o Carlão, ex-jogador (atuou no Atlético Mineiro, Coritiba e Grêmio, entre outros) e líder do grupo Atletas de Cristo em Curitiba - eles se reúnem uma vez por semana.

Carlão defende que as manifestações de fé no futebol não têm o objetivo de divulgar a religião e que deve haver liberdade de expressão. ''A Palavra nos ensina a glorificar Deus acima de tudo. Deus tem que participar também das coisas boas. Muitos jogadores pedem ajuda nos momentos difíceis, quando estão machucados, quando estão sem clube. É preciso agradecer nos bons momentos'', explica.

Alciney Wanderley de Miranda, também frequentador dos Atletas de Cristo e ex-jogador, argumenta que em outros países o futebol também se mistura com a fé. ''No Brasil, em todos os segmentos, muitas pessoas se converteram. E Deus tem observado a carreira desses atletas. Muitos viveram histórias tristes, deixaram para trás o vício, amparados na fé. Nos países árabes, muitos atletas muçulmanos manifestam sua crença. É algo normal'', diz Miranda.

O meia-atacante Marcelinho Paraíba, do Coritiba, acredita que devem ser permitidas manifestações religiosas no futebol. ''Acho que não tem nada a ver (a advertência da Fifa). É importante estar passando a Palavra, ela é sempre bem-vinda. Cada um tem sua religião e ela deve ser respeitada'', aponta o jogador, que é católico, assim como o atacante Marcos Aurélio, que tem opinião parecida.

''Religião, todo mundo tem a sua. É preciso haver respeito às diferenças. Não podemos esquecer Deus. No momento de fazer orações, o que pedimos é para fazer um bom jogo, para que ninguém se machuque, para que haja paz'', afirma o atacante.

FONTE: Folha de Londrina, 23/08/2009