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O Suicídio do Pastor e o Cavalo de Tróia



O Suicídio do Pastor e o Cavalo de Tróia

Um comentário mordaz e irônico comum nos anos 80: dizia-se que no Brasil não havia necessidade de terremotos, nem vulcões, as catástrofes aqui vinham através dos ministros da área econômica. Uma alusão aos desastrosos pacotes que levou a nossa economia ao fundo do poço. Os anos 80 foram considerados a década perdida.

Santos tem tombado no campo missionário brasileiro e não é por causa de perseguição externa. Não existe nenhum local no Brasil onde é proibido evangelizar.

É verdade que ocorrem dificuldades em alcançar algumas tribos, por questões políticas e, ou conflito de percepções, com a FUNAI, e fatos isolados, residuais, que não merecem destaque algum em regiões como o sertão nordestino, um preconceito ali, outro aqui.

Por muitas décadas não se morre no Brasil por causa de perseguição clara ao evangelho, aliás, morreu-se pouco comparativamente a outras nações.

Como explicar os fatos abaixo relacionados?

Esposa de um pastor enforcou-se no sertão do Nordeste, o marido alegou tristeza profunda por causa da distância de casa (família) e falta de apoio, ausência de visitas e telefonemas ou mesmo e-mail.

No Nordeste jovem idealista enlouqueceu: Solteiro determinado a servir o Senhor com todas as suas forças. Contribuiu em várias igrejas locais, desde lavando banheiro, capinando mato, até pregando a palavra de casa em casa ou em praça pública, expondo o filme Jesus nas pequenas cidades e povoados do Sertão, ficou louco. Antes de surtar ele falava para alguns que não entendia os defeitos, o egoísmo, a agressividade e a cobiça dos líderes por dinheiro e posição. Ele desistiu de tentar entender entregou-se a insanidade. Hoje anda como um homem dos tempos de Jesus (afirma ele), vestido com panos, sem tomar banho e tendo a Estrutura das igrejas atuais e seus líderes como Agentes da Escuridão tentando confundir o povo de Deus.

Ainda no Nordeste, missionária, frustrada, por causa do casamento destruído toma veneno de rato. Os médicos não entendem como ela sobreviveu. Depois que ela voltou à ativa, no primeiro dia em que foi a igreja, o pastor da igreja, de forma fria e direta, a disciplinou por um ano, afastando-a de sua função (Motivo: pecou tentando suicídio). Depois do ocorrido o seu líder nunca lhe fez visita.

No sudeste senhora evangelista, ganhou centenas de vidas para Jesus, enlouquece e, depois de três anos enforca-se na cozinha de sua casa.

Jovem tenta suicídio, no Sul com veneno de rato, passa três dias na UTI e se recupera. Ela alegou tristeza profunda e solidão. Produzia de forma especial para Cristo à frente do louvor da igreja.

Centro Oeste - Brilhante pastor de uma grande cidade enforca-se. Homem de grande capacidade executiva para o reino de Deus foi responsável direta e indiretamente por milhares de vidas alcançadas pelo Evangelho. Entra em processo de depressão e, depois de alguns anos o suicídio. É sabido que a depressão é considerada uma doença e pode ser causada por problemas genéticos também.

Centenas de líderes no Brasil estão no campo tomando remédio controlado, antidepressivos, calmantes, psicotrópicos, dentre outros. Na maioria dos casos, sem problemas, antes da ida a missão.

Muitos deles já estão em hospitais psiquiátricos.

O campo é guerra, o apoio é pífio, é difícil encontrar-se ombro.

A minha constatação não é que as igrejas são omissas ou negligentes em sua grande maioria, mas que falta estrutura espiritual.

Mesmo que queiram exercer a incumbência de apoiar de forma plena os missionários. Não amam o suficiente, não entendem a carência de quem está no campo. A maioria dos responsáveis por missões e plantação de igrejas nunca teve uma experiência de campo, nem se quer de médio prazo. Não entendemos também a complexidade da psique, das emoções humanas e não pedimos ajuda.

Muitos estão decepcionados com a estrutura vigente no geral. Alguns mais maduros e humildes percebem que tanto eles (no campo) como os da base não têm a estrutura mínima para o avanço do Reino muito menos em enfrentar este obstáculo de cunho mental.

Conheço vários que querem regressar do campo e voltarem a ser comerciantes, bancários, comerciários, advogados...

Não estou falando de pessoas medrosas, negligentes, estou falando de apaixonados por Jesus que podem dar a vida por Ele; de estruturas frágeis que não apóiam como deveriam seus profetas, missionários e evangelistas.

Estou falando de uma tragédia, na qual temos perdido valores especiais, a maioria no auge da idade de produção para Cristo.

A nossa maior luta no Brasil não é externa, é interna. “Aceitamos o Cavalo de Tróia dado pelos gregos”. Não há necessidade de inimigos externos. Ele já adentrou as muralhas e está nos destruindo.

Pr. Pedro Luis b / prpedrro@gmail.com

O Mapa do Fracasso


Ricardo Gondim


Paul Krugman ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2008. Depois, passou a escrever para o jornal “The New York Times”. Em “A Desintegração Americana” (Editora Record), Krugman relata os caminhos que levaram uma economia próspera à bancarrota. A orelha do livro avisa que Krugman “examina como a exuberância cedeu lugar ao pessimismo, como a era dos heróis empreendedores foi substituída pela dos escândalos corporativos e como a responsabilidade fiscal entrou em colapso”. Publicado originalmente em 2003, parece um mapa para o fracasso que agora assombra o mundo inteiro.
O capítulo 1 começa com um texto de 29 de dezembro de 1997, que pergunta o que o mercado andava tramando. Busca saber como “homens e mulheres inteligentes -- e devem ser inteligentes, porque se não fossem, como ficariam ricos? -- podiam fazer tanta bobagem”. Krugman previu que o andar da carruagem da economia acabaria no barranco. E, ironicamente, sugeriu sete posturas para precipitar o mercado no despenhadeiro. Ei-las:

1. Pense a curto prazo. Não projete, não raciocine, para cinco anos. Descarte esse tipo de projeção como excessivamente acadêmica, portanto, desprezível no mundo dos negócios.

2. Seja ambicioso. Tenha como objetivo ganhar e ganhar. Não considere que existam limites para a subida de ações na bolsa. Tente abocanhar os mínimos percentuais das pequenas variações do mercado.

3. Acredite que existe sempre alguém mais tolo do que você. Despreze os outros. Há pouco tempo o mundo corporativo trabalhava com a lógica de que suas estratégias eram seguras porque “sempre haverá alguém suficientemente estúpido para só perceber o que está acontecendo quando for tarde demais”.

4. Acompanhe a manada. Não ouça as vozes discordantes. Pelo contrário, “as poucas e tímidas vozes antagônicas” precisam ser ridicularizadas e silenciadas.

5. Generalize sem limites. Crie preconceitos. Gere reputações. Condene ou louve instituições e pessoas por critérios difusos e subjetivos.

6. Siga a tendência. Procure ver o que está dando certo, copie acriticamente e espere que os resultados se repitam com você.

7. Jogue com o dinheiro dos outros. Preserve sua carreira e tente progredir com o capital alheio.
Os sete pontos de Krugman valem para qualquer outra atividade humana, inclusive a religiosa. Ao detalhar a rota do desastre, ele talvez não tenha atinado para sua pertinência entre os evangélicos. Nem todos os líderes são lobos predadores; muitos não passam de vítimas de um sistema perverso que conspira contra eles. Como cordeiros equivocados, caminham para um matadouro armado pelo sistema que a Bíblia chama de mundo.

Evangelismo a curto prazo compromete a próxima geração. Diversos pastores, ávidos por sucesso, agem como pescadores predatórios. Existem diversas maneiras de pescar: tarrafa, rede, anzol. Cada jeito produz diferentes resultados. Talvez o mais eficaz seja com dinamite: localiza-se o cardume, detona-se a bomba e logo boiarão milhares de peixes. O problema com esse tipo de pesca é que ela destrói o rio para a próxima geração. O barco fica cheio, mas o neto do pescador não conseguirá tirar seu sustento do rio. A sede de lotar o auditório pode transformar o pastor em um pragmático irresponsável, que repetirá: “Não é possível que esteja errado, crescemos como nenhuma outra igreja”. As patacoadas milagreiras, a repetição enfadonha de chavões, as bizarrices sobrenaturais que se observam em muitas igrejas não passam de dinamite que garante o barco repleto no próximo domingo, mas o rio religioso estará vazio no futuro.

Ambição não se restringe à esfera financeira. Alexandre, o Grande, Hitler e tantos outros falharam porque não souberam dizer “basta”. Cobiça existe inclusive entre os sacerdotes. A pretensão de alcançar o mundo, tornar-se o evangelista famoso que afeta uma geração é luciferiano na essência. Muitos pastores perderam a alma nesta busca.

Ao acreditar que só os ingênuos procuram os ambientes religiosos, eles desprezam os auditórios. Pastores repetem as mesmas ilustrações, narram histórias fantásticas inventadas como milagres e pregam sermões ralos. Porém, se permitem este desdém porque se acham mais espertos que os seus ouvintes. Mal sabem que, nas conversas em pizzarias, são ridicularizados pelos jovens.

Acompanhar a manada significa contentar-se com o “status quo”. A posição morna dos muristas que Deus vomitará de sua boca. O mimetismo religioso acontece porque muitos têm preguiça de perguntar a verdade que alicerça o que está sendo feito.Criam-se fronteiras para definir com precisão quem está dentro e quem está fora. Os que estão fora são tratados com desprezo. Preconceitos se formam para que não haja culpa quando for preciso apedrejar.

Ao seguir tendências, modismos passam a ser tratados como projetos que deram certo devido à aplicação de “princípios universais”. Indolentes, repetem o chavão: “Nada se perde, nada se cria, tudo se copia”. Da mesma maneira que os financistas que atolaram o mundo nesta crise, muitos sacerdotes não se dispõem a apostar seu capital nas muitas empreitadas em que se metem. Mobilizam o povo a pagar a conta de seu ufanismo desvairado.

O mundo corporativo e financeiro foi irresponsável por anos. Deflagrou uma crise econômica sem precedentes, queimou trilhões de dólares com socorro a bancos e colocou milhões de trabalhadores na rua, provocando mais miséria. Muitas igrejas seguem os mesmos passos, que talvez gerem um desastre igual ao do mercado financeiro.

Soli Deo Gloria.